quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Vitória da Chapa 1 no SIMCA.

Entrevista com a frente sindical da FAG:
Vitória dos municipários de Cachoeirinha/RS,
Chapa 1 vence as eleições do SIMCA.

Na madrugada do dia 27 de agosto encerrou-se a apuração dos votos das
eleições para a Direção e Conselho do Sindicato dos Municipários de
Cachoeirinha. A vitória foi da Chapa 1 “Organizando pela Base: Resistir ,
Lutar e Avançar” que teve o apoio e participação da militância da
Federação Anarquista Gaúcha. Compartilhamos, a seguir, uma entrevista da
FAG com os militantes da nossa frente sindical que contarão um pouco sobre
o resultado e as perspectivas após essa vitória.

Como foi a participação da militância da FAG nessas eleições para o
Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (SIMCA) ?

Nessas eleições especificamente apoiaram alguns militantes de outras
frentes e diretamente temos um companheiro participando da Diretoria
Executiva na condição de vice-presidente, apesar de que a nominata para a
composição da chapa é apenas uma formalidade diante do intento de
reestruturação sob a forma de colegiado.
Apesar de a nossa inserção direta ser mais recente, esse sindicato nos
últimos 10 anos sempre manteve uma relação próxima com a nossa militância
anarquista. Em diversas lutas o SIMCA esteve nos apoiando e também
manifestamos nossa solidariedade nas vezes em que fomos convocados. Uma
herança dessa relação são os princípios que orientam a luta da categoria e
estão presentes no estatuto e nas práticas sindicais: independência de
classe, ação direta, solidariedade de classe e democracia de base.
Na composição desta nova diretoria estaremos pela nossa tendência
Resistência Popular juntos com outros companheiros da Intersindical –
Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, tendo ainda a
participação de companheiros vinculados à corrente Unidos pra Lutar e uma
maioria de trabalhadores da base.

A Chapa 1 fez 55,63% dos votos contra 40,92% da Chapa 2 e o restante foram
de nulos e brancos (2,89% e 0,56%). Como vocês avaliam o resultado das
eleições?

Sabemos que não ganhamos com folga e isso indica alguns problemas que
necessitam ser corrigidos. Temos esse consenso entre o grupo que irá
assumir o SIMCA em outubro e estamos avaliando junto à categoria onde é
preciso melhorar para avançarmos em nossa organização. Pela frente
sindical da FAG fizemos uma breve avaliação do resultado das eleições
considerando alguns elementos: onde falhamos ou erramos e quem era o nosso
adversário e como ele explorou as fragilidades para tentar se fortalecer
enquanto oposição.
Em primeiro lugar, é importante pontuar que na composição da Chapa 2 era
possível identificar a interferência do governo a partir de algumas
pessoas que ali estavam e o papel que elas representam. Isso se confirmou
durante as eleições, pois houve pressão de chefias, assédio moral e
ameaças contra os trabalhadores de alguns setores para que votassem
conforme os interesses do governo. Durante a nossa campanha procuramos
chamar a atenção sobre esse aspecto, ressaltando a importância da
independência de classe.
Por outro lado, a oposição procurou personalizar a sua campanha apostando
no desgaste da atual presidente do sindicato que estava diante de mais uma
reeleição. A chapa 2 fez um discurso de renovação, mas focando apenas na
figura da presidente. Porém, se levar em consideração o conjunto da nossa
Chapa 1, dos 31 candidatos para a diretoria e conselho tínhamos 25
companheiros novos. Enfim, conseguimos fazer com que diversos companheiros
se agregassem, mas ainda fica pendente o desafio da rotatividade em
algumas tarefas de maior responsabilidade.
Para completar essa breve avaliação, não podemos esquecer que desde que o
Prefeito Vicente Pires assumiu foi traçado um plano para acabar com o
sindicato. Sabemos disso desde 2009 e de lá pra cá as táticas adotadas por
este governo tentam nos induzir ao erro. Em diversas oportunidades o
governo depositou a culpa na comissão de negociação do SIMCA para
justificar o cancelamento das reuniões que tratavam da nossa pauta de
reivindicações. Houve também corte de ponto quando paralisamos,
flexibilização de direitos (licença prêmio), além da suspensão das
negociações por quase dois anos. A conta desses problemas, o governo e a
mídia local depositaram na “incompetência” do Sindicato. Essa campanha
anti-sindical foi iniciada já em 2009 e com certeza teve influência nessas
eleições.

Como superar ou corrigir os problemas que vocês identificam?

De qualquer forma, devemos tirar como aprendizado nesses últimos anos a
necessidade de manter o sindicato cada vez mais próximo aos trabalhadores
para que ele seja capaz de defender e reconhecer a entidade enquanto
instrumento de luta. Devemos avançar e consolidar a organização pelo local
de trabalho e fortalecer o papel dos delegados sindicais. Isso porque as
decisões fundamentais devem contar com a participação dos municipários,
reconhecendo o significado da democracia direta. Não é possível se
contentar com decisões tomadas entre poucos e depois comunicadas como
orientação para a categoria numa única direção. Isso produz desgaste. O
método, portanto, é fundamental. No sindicalismo, os meios determinam os
fins e uma linha sindical, por mais avançada que seja, terá mais chances
de ser bem-sucedida quando for dialogada com os trabalhadores e esses
participarem da construção da mesma.

Considerações finais?

Agradecemos a solidariedade dos companheiros e companheiras de diversos
sindicatos e movimentos sociais do Rio Grande do Sul e de outros estados
que nos apoiaram durante essas eleições. Isso demonstra que, apesar de
sermos um sindicato pequeno, damos a nossa modesta contribuição à luta
sindical e popular.
Essas eleições deram vitória ao verdadeiro papel que o sindicato deve
cumprir na organização dos trabalhadores, ou seja, a luta na defesa e
conquista dos direitos com independência de classe. A nossa categoria
deixou isso bem claro, o sindicato não deve servir de aparelho aos
partidos, patrões e governos.
Também acreditamos que o sindicalismo cumpre um papel importante dentro da
luta de classes e nesse campo o anarquismo possui uma tradição histórica
conhecida como sindicalismo revolucionário que possui práticas concretas
que devem ser resgatadas.
Enquanto frente sindical daremos continuidade ao nosso trabalho,
inscrevendo o sindicalismo dentro de uma estratégia de construção do Poder
Popular pra criar um povo forte, dando solidariedade as lutas que pudermos
alcançar.

Não ta morto quem luta e quem peleia!

http://www.vermelhoenegro.co.c

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