segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A DOENÇA DA EXPLORAÇÃO (resoluções para um bom ano novo).

   Trabalho morto

Cérebro,nervos e músculos...
Meu corpo explode em coisas que não sou eu.

Os seres humanos fazem coisas maravilhosas
Que os transformam em coisas terríveis.

M-D-M
Disse-me-deus
D-M-D
E deus não existe
O diabo expulso do céu...resiste.
D-M-D´
E as coisas caminham com seus pés
Suas almas cheiram a sangue
Quando se vendem em cada esquina.

Saíram de mim por cada poro
Fugiram de mim pelo cansaço
Romperam meu corpo de carne
Fluido de óleo ...pele de aço.

Ganharam vida roubando a minha.
Assumem porque abdico
Falam porque me calo
Fetichizam porque reifico.

Sou eu que me olho da coisa
Já fui ela, mas me esqueço
E a vida que olho no corpo da coisa,
Mas, morto...não reconheço.
                                                                Mauro Luis Iasi.




Saúde do trabalhador.

            A única mercadoria capaz de gerar outras mercadorias é a  força de trabalho, que quanto mais se desgasta no processo de produção mais valor novo produz. Produzir mais e em menor tempo pelo menor preço, esta é a lógica da sociedade capitalista que vivemos. Músculos nervos, ossos, cérebro são colocados em desgaste freneticamente para fazer parir dos objetos as mercadorias e nesse processo a burguesia nos transforma em “mão-de-obra” fazendo desaparecer o trabalhador; assim ela tenta fazer desaparecer o desgaste físico e mental e os acidentes de trabalho.

          Nas crises cíclicas do capital o ritmo de trabalho se intensifica ainda mais, seja por mais-valia absoluta ou mais-valia relativa, adoecendo milhões de trabalhadores mundo afora, submetendo os trabalhadores em ambientes insalubres e de risco  em jornada longas e estafantes, trabalho diurno e noturno , provocando lesões, sofrimento mental, doenças ocupacionais, morte, mutilação e esmagamento. Um exemplo disso é a trabalhadora C. Operadora de máquina ( grávida) teve o braço direito amputado em 07/10/10 por uma máquina injetora na empresa Wilaplast de Novo Hamburgo/RS.

          Podemos ainda fazer referência ao companheiro metalúrgico Maradona da fundição Becker (SÜDMETAL), que morreu de edema pulmonar (SAARA) uma doença adquirida pela poeira. Ou ainda podemos nos referir aos bancários com altos índices de suicídio e doenças por fadiga.

        Quando a mercadoria força de trabalho já estiver gasta ou sequelada, será descartada, ficando fora inclusive do exército industrial de reserva. O estado por sua vez, parte integrante do capital, age e gerencia no sentido de não reconhecer as doenças adquiridas nos locais de trabalho, ratificando a política dos patrões. Para isto vai buscar formas de garantir a sua ordem, a ordem do capital. Como exemplo, dados da polícia federald: de 550 médicos peritos, 93% já foram insultados por assegurados e 26% já sofreram algum tipo de agressão física ( o que demonstra que nem tudo esta perdido ). Rapidamente o comitê gerenciador da burguesia, o estado, passou a discutir pela comissão de constituição justiça e cidadania, o direito de porte de arma pelo perito, para se defender da vítima, ou seja, abrir fogo contra a vítima que tenta reagir. Este assunto foi tratado também pela comissão de relações exteriores e defesa nacional. 
 
         Não tenhamos a ilusão que a saúde dos trabalhadores terá êxito no sistema capitalista, primeiro teremos que destruir o modo de produção capitalista. Disso não podemos ter nenhuma dúvida; ou seja, atacar as causa e não a conseqüência.

        Portanto compreender a natureza do capital é o primeiro passo para fazer uma boa luta junto com a classe pela saúde dos trabalhadores. 

         A saúde dos trabalhadores é um dos principais temas em que podemos mostrar as contradições do sistema capitalista de produção que tanto nos oprime.  
   
                    Em reunião da ASS do Rio Grande do Sul no dia 25/11/10, reforçado no dia 14/12/10, resolvemos discutir a formação de um coletivo de saúde do trabalhador com o corte de classe, buscando discutir as condições mais imediatas mas não deixando de enfatizar a necessidade de abolir a sociedade de classes.




                                                 “Nossa meta é a saúde”.
 
               Em alusão as metas inatingíveis exigida nos locais de exploração, surgiu a idéia de fazer uma campanha com o slogan “Nossa meta e a saúde”. (estamos aceitando outras idéias). 

              Nossa tarefa agora e aglutinar documentos, pesquisas acerca da saúde do trabalhador, jornada de trabalho, trabalho noturno, doenças ocupacionais, fadiga do trabalho etc. tudo que venha contribuir com a discussão.

               Tiramos no mínimo um trabalhador por sindicato. Este vai ficar responsável de fazer a interlocução com a base e direção.

(...)




MADEIRA 15/12/10.

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domingo, 26 de dezembro de 2010

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ.

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tanta vezes?
Em que casas Da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.


(Bertold Brecht).

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